Hoje enquanto garimpava algo interessante no Twitter vi um post de Design_BR. Na verdade, uma sequência de 3 posts que remetiam a um texto de... de... bom, não sei de quem é, mas é do Designice. O texto (veja aqui) fala do cansaço do autor (ou autora) em ver, ano após ano, o mesmo tipo de assunto, matérias e piadas sobre ser ou não ser designer que acontecem às vésperas de 5 de novembro. Enquanto lia, me lembrei como odeio as pautas dos jornais maranhenses em véspera de Marafolia que só falam de reforma de abadá, local de entregas, lote de vendas etc, todos os anos e me tornei solidário desse sentimento de repúdia.
Alguns podem não saber, mas minha formação em Comunicação Social é em Relações Públicas, que é o curso mais procurado por quem quer ser publicitário mas quer, ou só pode, cursar uma Universidade pública. Nos 4 1/2 anos que passei na UFMA, travei algumas batalhas com professores que dedicam a profissão à arte de distribuir pessoas em uma mesa e coordenar os trabalhos (os malditos cerimonial e protocolos). No meu entendimento Relações Públicas é muito mais: é pesquisa, análise de mercado, ouvidoria, assessoria, e por aí vai, e não apenas cuidar de eventos. A gente faz isso também, mas não é só isso. Mas é coisa de habilitação adolescente, rebelde... uma hora cresce e se resolve (além disso a pauta é Design e não Relações Públicas). Problema maior enfrentam meus colegas jornalistas que, imaginem só, poderão trabalhar sem diplomas. Enfim, o mundo está perdido, mas também não é pauta deste post.
Vamos aos fatos: pela primeira vez desde que me envolvi com Publicidade e Design eu "comemorei" o dia do Designer. E pude reparar que essa luta pelo reconhecimento e valorização que vivi tanto em Relações Públicas é tão parecida se não "menos pior" que a de Design. Quando vou declarar o maldito imposto de renda (leão @%$¨%!@#) eu posso escolher lá bonitinho a profissão de Relações Públicas - RP. Mas me recordo de Wollner reclamar que para emitir suas notas fiscais ele precisa usar de outra categoria, já que Design não é oferecida.
Bandeiras de luta de lado, fico pensando comigo sobre essa batalha sem fim. Lembro do que acontecia na minha vida RP, e aliás, apesar de ser bacharel em RP eu não me considero um profissional (e o Conselho Regional diria a mesma coisa já que não sou associado). Lembro de como brigava em não aceitar cerimonial como única finalidade para essa profissão. Lembro de querer fazer do RP um profissional com um mercado mais aberto e com mais possibilidades, e ainda acredito que seja. E quando lembro disso vejo que eu só mudei de exército, mas a guerra é a mesma.
Só que nosso amigo, ou amiga, que escreveu um post tão interessante, me faz refletir em como seguir nessa batalha. Será que essa picuínha, e aqui eu queimo meus dedos das mãos e pés, sobre quem é e quem não é designer leva a algum lugar?! Creio que não. Inclusive darei trégua aos hair-designers, food designers ou qualquer outra categoria que criticava até meia hora atrás. Mas porquê darei essa trégua?! Por dois motivos.
O primeiro é muito simples: Design vende. Design é um conceito abstrato, que de tão desconhecido, é valorizado. Seja usado como desenho ou como a profissão o uso comum da palavra permeia todos os mercados. E mais, causa diferencial. Que o diga o Gesso Dezáine aqui por perto de casa. Quantas profissões já não possuem esse acessório fashion anglo-americano para valorizar suas razões de ser?! Só no último parágrafo listei 2. E porque estou com preguiça de ficar buscando exemplos. O Design é um Neston, tem mil maneiras de preparar e você ainda pode inventar mais uma... e é aí que entra o segundo motivo: todo mundo é designer - ou tem um pouco dele.
Sim, todo mundo tem alguma coisa de designer. Vamos pelo básico: caligrafia - cada um tem a sua. Estilo de vestir, corte de cabelo, aparência. Tudo isso é Design... ou não estamos nos "embalando" para a sociedade? Além disso tem o gosto. Cada um com o seu, que nem nariz. Tá certo que um ou outro tem o seu mais limpinho. Eu tenho um leve desvio de septo e não vou comentar essa parte. Todo mundo pode desenhar alguma coisa e transformar em marca ou produto. É verdade. E isso ainda ficou mais fácil com a democratização da informática.
A essa altura vocês estão pensando que eu preciso de um remédio, mas é verdade. Design vende e todo mundo é Designer. E daí que a marca da Banda Dzaine é ruim? Provavelmente está à altura do som que faz (aos meus olhos e ouvidos). O fato é que deve funcionar a que se propõe, a quem quer atingir. Daí saímos da esfera de juízo de valor e vamos analisar a eficácia. Então pra quê perder tempo com essa discussão de é-não-é, faz-não-faz? Continue fazendo o que você acredita e isso será a sua melhor contribuição para o Design.
No final das contas lembre-se: Design vende e todo mundo é designer. Mas, como alerta sempre meu amigo Paulo Coelho (o designer, não o "mago"): cada cliente tem o Designer que merce.
3 comentários:
Queria fazer um comentário sobre este post com pelo menos metade do número de palavras que Gustavo usou =P... mas o tempo, no momento não está ao meu favor... Só vou falar uma coisinha rápida que penso sobre o pq dessa discussão existir...
Todos sabemos que existem pessoas no mercado que nunca sentaram num banco da faculdade de design, e são muito bons no que fazem... Mas pra quem passou 5 anos aprendendo a ser designer... isso incomoda... Ainda mais quando o dia do designer vai chegando...
Passamos a faculdade inteira ouvindo coisas do tipo: 'você deve desenhar muito bem'; 'você faz máquinas pra industria?'... Depois de um tempo da vontade de fazer um cartão explicando o que é ser designer, o que fazemos... e sair distribuindo por ai... Mas não fazemos... e até hoje nossas mães indicam pra amiga o filho criativo e artista que sabe fazer cartão de visita... ¬¬
Bem... na faculdade estudamos muito pouco de gráfico, um pouco sobre embalagem, ouvimos algo sobre a história da arte e do próprio design, aprendemos ergonomia, desenho técnico... Saimos de lá sabendo que design é a profissão do futuro, que design vende... que isso e aquilo... Aprendemos conceito, estética, psicologia da percepção, antropologia...... Ah, claro... Todo aluno do curso de design sai sabendo diferenciar as madeiras pelo gosto (aquele amargo do cedro)e já cheirou mais cola que os meninos que ficam o dia todo no sinal... Mas enfim... também saimos de lá sem nunca ter aprendido a fazer um círculo no corel draw... Nunca abrimos um AutoCad na vida... photoshop, illustrator, flash... Não sabemos nem o que é... E todos os alunos reclamavam disso (meu exemplo tá diretamente ligado com o curso de design da UFMA... minha vida durante esses anos)...
Você pode dizer agora... Design na UFMA é com habilitação em projeto de produto... quem é você pra se achar melhor que eu se intitulando designer e trabalhando com design gráfico no mercado publicitário???
Te juro que também não sei...
Na verdade odeio falar que fiz design de produto... Amo design de produto... mas não me considero boa pra isso... Se me derem um papel, uma régua e uma nanquim... fico o dia todinho e não faço um desenho técnico decente... ¬¬
Mas.............
Bem...
Falei disso tudo pq uma vez Raquel e João Raposo nos disseram: A faculdade de design não serve pra ensinar softwares pra alunos... a faculdade tem o objetivo de ensinar os alunos a pensarem como designers...
Esse comentário me fez mudar de opinião em relação a muita coisa sobre a faculdade... sobre ser designer... sobre pensar como um designer. O que seria pensar como um designer?
Henry Ford disse "Não encontre defeitos, encontre uma solução" - Hoje... acho que se eu fosse definir o que é ser designer, diria que é o profissional que pensa em soluções criativas.
Eu particularmente não me importo se alguém de outra área começar a trabalhar com design... contanto que seja capaz de fazer o negócio bem feito... Na época da faculdade eu ficava com raiva... não queria aceitar que depois de anos na faculdade eu tinha o mesmo mérito que outra pessoa que nunca viu o que eu vi... mas hoje vivi coisas que so o mercado é capaz de ensinar... Saimos da faculdade de design achando que a profissão é perfeita e que os clientes vão nos escutar sempre e que conceitos vendem um produto, uma marca... nem tudo é assim... na verdade, nada... o nosso cliente só pensa em vender mais... 'esse produto vai vender bem?', essa marca vai chamar clientes, vai fazer meu negócio crescer?'... Essa é a maior decepção pra um aluno de design que acaba de entrar no mercado de trabalho... "como assim o cara não gostou da marca?" É... não gostou... refaz umas 5 vezes ou larga o cliente...
Enfim...
Todos nós somos um pouco médico, advogado... A diferença é q não ganhamos dinheiro fazendo o que eles estudaram pra fazer... não podemos e nem devemos...
Masssss... Sei que você e muitos lá da sala não são formados em design - Já vi muitos dos trabalhos de vocês e sei que são bons (alguns muito bons na verdade)... esse comentário ai em cima não foi pra ofender ninguém... Nossas áreas estão bastante interligadas... Quem sou eu... já fiz campanha publicitária... textossssssss... mas depois que fiz ficou claro (pra mim) que poderiam ficar bem melhor nas mãos de um profissional que estudou pra fazer aquilo... só resolveu...
Bem... pra quem ia falar pouco... falei MUITO... Acho até que me perdi um pouco, mas não vou reler e corrigir agora... O que falei, falei... já eraaa... Tenho quase 99% de ceteza de que dá pra entender o que eu quis dizer... =)
Boa noite!
http://www.youtube.com/watch?v=A2N4A_woS64&feature=related
é um vídeo meio antigo sobre o que é design... mas é legal!
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