A grande máxima filosófica de Descartes “Penso, logo Existo” poderia, nos dias de hoje, ser substituída facilmente por ‘Twito, logo Existo’, ‘posto, logo Existo’, ‘me promovo, logo existo’ ou qualquer outra coisa do tipo. É comum encontrarmos na NET, nesse amplo espaço democrático e totalmente fora de controle, um sem número de profissionais ambiciosos, despreparados e sem princípios éticos, ávidos por alto-promoção, fazendo de tudo pra demonstrar seus pseudo-valores, a custa de espaço e reconhecimento.
Não é difícil entender o porquê, afinal na atual lógica de mercado, não basta ser competente, é preciso demonstrar ser. Nas faculdades, mba’s, cursos de gestão, treinamentos de qualificação profissional, empreendedorismo e afins, tema correntemente abordado e amplamente dissecado é o tal do marketing pessoal – se você não é visto não é lembrado – diz o ditado popular. Se junta a isso, algumas das principais competências do designer como criar conceitos, agregar valor ao produto, desenvolver identidades e embalagens que estimulem o consumo – e pronto – temos um grande campo de batalha, onde a única lei é vender sua imagem como de um super-profissional ético, criativo e antenado.
Mas ética não se vende. Criatividade não se compra no supermercado. E para estar ‘antenado’ é preciso muito mais do que ler a orelha de um livro ou copiar e replicar as idéias dos blog’s dos outros como suas – não sou contrário a fazer pesquisas ou citações, coletar opiniões ou até trocar figurinhas, desde que isso seja feito de forma saudável. A comunicação em tempo real é uma grande ferramenta e pode ser potencializar nosso trabalho.
No design existe uma grande distância entre o discurso e a prática, entre uma idéia vaga e um produto no mercado, entre uma solução imediatista e descompromissada e uma estratégia perene e efetiva. O resultado que muitos almejam, mas poucos alcançam, é fruto de trabalho árduo, planejamento, dedicação, pouco blá-blá-blá e muita ação. E esse reconhecimento tão desejado, é uma resposta espontânea do cliente/usuário/consumidor que experimenta, reage, aprova ou contesta o produto do design no próprio mercado.
Se antes, até as décadas 80 e 90, o grande problema da nossa profissão era o total desconhecimento do público do que realmente significava ser designer – quem se lembra da clássica pergunta ‘dezainer o quê’? – hoje o grande desafio é não deixar a peteca cair, ou seja, não deixar a profissão de designer cair no descrédito, com tanta gente se auto-promovendo designer sem o devido respeito e conhecimento.
Por isso, gostaria de concluir esse papo com vocês mais uma vez reforçando: É preciso sim se comunicar, transmitir suas idéias, compartilhar conhecimento. Mas falar, coerentemente, sobre design não é fácil. Fazer design muito menos. E viver de design então – é ai que a coisa pega!
2 comentários:
"Falem mal, mas falem de mim"
O hilário (e o sucesso) é que estamos sendo vistos/visitados/lidos/amados/odiados...
Critica-me ou te devoro!
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