Exame de DNA: quem é o pai?

O Confluências mexeu com o mercado de São Luís. Eu não pude ir, mas num bate-papo informal com os colegas que foram peguei uma informação legal que puxou um assunto interessante. Bom, agora me fugiu a pessoa que colocou isso em apresentação, mas não importa muito. O que importa é que a idéia me foi transmitida como: "numa reunião não existem idéias individuais, toda produção é coletiva". Meu instinto inicial foi de repúdia a essa afirmação. Isso porque logo pensei se tratar de uma justificativa vã para os usurpadores de idéias ou molestadores profissionais. Aqueles que praticam assédio criativo e tomam para si a criação de algo. Depois me lembrei daquela lição popular em que "uma idéia só é sua enquanto está na sua cabeça. Quando você conta a outra pessoa ela passa a ser coletiva".

Mas o interessante foi que esse raciocínio me fez lembrar de um momento de diálogo na EDG onde o grande amigo e designer Marcelo Figueirêdo mostrou-se incomodado com o fato de reconhecermos facilmente uma marca criada pela Quadrante. Num primeiro momento eu discordei dele (eu sou do contra, hein?!) mas entendi seus motivos. O fato é que em virtude de um mercado que possui as mazelas profissionais citadas no primeiro parágrafo, faz-se necessário o uso dos créditos. Na publicidade isso é muito bem resolvido (pelo menos nas agências honestas). Mas essa observação também não faz parte da pauta principal desse post.

Recentemente trabalhei na criação de uma marca de festa de música eletrônica. E lá eu comecei, me sentindo "o" designer, com meu caderno de página quadriculada fazendo esboços que seriam levados ao Corel Draw (sim eu sofro desse mal) e em seguida editados no Photoshop. E então, no momento em que acabou a minha habilidade com informática, Nelson, parceiro de criação, deu a famosa "guaribada" na marca. No final das contas, quem vê a distinta no meu portfolio estranha. Isso porque não parece com a "linha" que costumo manter nas minhas peças.


 Primeiros esboços.


O resultado final

E aí eu fiquei no dilema do "se foi coletivo como requerer a paternidade"? Além, obviamente de me orgulhar do êxito em "sair da linha". Então compreendo bem o Marcelo em seu questionamento. O problema é que, se estivesse trabalhando com assediadores morais estaria mais próximo de ser conhecido como um falsário que como um designer que fez um bom trabalho (como considero a marca acima). E isso é um problema para quem trabalha em lugares de conduta duvidosa. Ontem eu falei sobre as batalhas que um designer trava na vida... essa é mais importante que explicar o que a gente faz. Aí sua propriedade intelectual será respeitada e não será mais necessário fazer exame de DNA de projetos.

Fiquei filosofando comigo e vi que finalmente as operadoras de telefonia móvel tem alguma coisa que interessa ao sistema criativo: dar créditos.

3 comentários:

Roberta disse...

Será que nesse caso podemos levar em consideração o fato de que o pai nem sempre é o que "faz", mas sim o que "cria"? =P

Como diria meu amigo Andrey: "Isso daria uma monografia"...

Paulo Coelho disse...

Isso é muito legal. Se você nota que o trabalho icou diferente, é porque ficou MUITO diferene. Sempre que estou maceteado em algum processo dou um jeito de inverter tudo, aí fica diferentão.

No mais, parabéns por conseguir fugir da síndrome do twitter: Aquela que seu estilo segue.

Jefferson Nogueira disse...

Roberta o "pai é o que cria" dá noites e noites de vinho e papo, achei perfeito o sentido jocoso.

Gugasannnnnnn, meu preto! Parabéns por "sair da linha". Nada contra seu estilo/Portfólio, mas esse logo aí ficou duca... Dá até impressão q se rolar um ê a gente vai ver uma realidade aumentada no logo!

Parabéns tb a "mãe" da criança rsrsrs, o guaribador! hahaha

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